Lembrei de minha roupa aquela que tirei suja de lama e solidão.
Teu corpo fedia como flores cemitério, tua boca ardia pelas palavras desconexas, estavas drogado num país chuvoso.
Na linha do trem o anjo negro te levou. Ao longe, meu olhar cantou enquanto o vestido de seda rasgado mostrava meus ombros mordidos pelos corvos que saíam do teu ventre e espumavam tua garganta. Overdose de amônia e cicuta,
foste embora acometido de cegueira. Ainda pude vê-lo
a desaparecer entre as negras nuvens daquela cidade estranha
onde deixei para trás minhas botas, o casaco de couro
e os preservativos da miséria. Agora a morte te engravida entre pomares desiludidos. Tua fruta é azeda e seca
como merda de ovelha.
Vai-te, criatura triste, voa sem par, pois teu destino já estava guardado pelo secular livro das mentiras.
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