quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Espera - Day



 Era um maremoto, ou coisa parecida,
cortinas voando em tons azuis, 
o fato é que a luz que entrava 
junto ao vento e era insólita, 
não se sabia de onde vinha. 
Olhando o pesado relógio na parede craquelada
 notei que lá não estava teu retrato, 
a minha lembrança e tudo que ficou de ti
 para que eu não morresse entre os jardins 
e a piscina sem água, um abismo de ladrilhos
 que me chamou por anos: joga-te!
Então a tempestade levou pelas vidraças
 as nossas fotos. 
Olhando o punhal de madrepérola, 
resoluta desafiei a covardia minha.
 Mas, assim como o anjo impediu
 o desatinado Abraão,
 eu também interrompida fui. 
Quando olhei de novo a moldura de nosso retrato,
 ela transformara-se em ti homem outra vez.
Disseste com embargada voz de saudade:
 _ Vim buscá-la, querida. Ficaremos juntos eternamente, io e te.

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