domingo, 23 de setembro de 2012

A reunião


Há muito, muito tempo atrás, um homem que era conhecido por O Homem que Sabia, reuniu algumas pessoas e as levou a uma praça, onde muita gente se aglomerara, a fim de ouvi-lo. Ele levou consigo uns homens que eram, um médico, o outro um jardineiro, um padeiro, um carpinteiro, e ainda um escriba muito erudito.

Depois de acomodados em cadeiras de madeira, feitas pelo carpinteiro, o Homem que Sabia, pigarreou discretamente e começou a falar. O silêncio era absoluto.

“Amigos, eu os reuni hoje, para explanar sobre algumas questões que têm me tirado o sono. Certamente eu já cheguei a uma conclusão, contudo, tenho observado no povoado que vocês andam confusos com as questões trabalhistas. Sei que precisam ganhar o sustento para suas famílias. Entretanto, vêm-me aos ouvidos muitas reclamações no que tange às suas habilidades…”

A esta altura, uns homens negros e fortes chegaram com alguns utensílios. Eram materiais e ferramentas de acordo com as profissões dos homens.

Depois de tudo arrumado e organizado, o homem sábio mandou que cada profissional se apossasse das ferramentas aleatoriamente. Desta forma, o médico ficou com os apetrechos do padeiro, o padeiro com os do carpinteiro, este com os do escritor. E, finalmente, o escritor, apossou-se das ferramentas do jardineiro.

Então, o Homem que Sabia, cortesmente, pediu a cada um dos participantes que procurassem desenvolver alguma coisa com as ferramentas que dispunham.

Muitas horas depois, cansados, desistiram de suas obras. E todos admitiram que não possuíam habilidades para outras artes ou ofícios, mas que eram execpcionais naquilo que faziam.

O velho sábio olhou em volta. Chamou apenas dois dos concorrentes, objetivando prestar exemplo ao povoado. Se aproximaram dele, o carpinteiro e o escritor.

Perguntou ao primeiro:

_ O senhor, como excelente carpinteiro, como se sentiu ao ter que elaborar um belo texto, um escrito artístico, que só pode sair de um coração deveras criador?

O homem, ressentido, retrucou:

_ Meu senhor, sou capaz de construir qualquer móvel, qualquer apetrecho, e até crio formas e detalhes a cada invento, contudo, nenhuma palavra escrevi que pudesse ser chamada literatura.

O velho desviou o olhar do carpinteiro e se dirigiu ao escritor:

_ E o nobre escritor, também execelente em seus atributos, como se lhe deu com as artes da jardinagem?

_ Oh, meu nobre senhor da pura sabedoria…- redarguiu o escriba – Minha tarefa, aparentemente simplória, que era apenas plantar umas mudas de flores, em nada redundou, uma vez que mal consegui discernir a terra do adubo.

O Homem que Sabia levantou-se e, olhando para o povo, decretou:

_ E assim, todos os concorrentes não conseguiram desenvolver suas tarefas de forma agradável. – respirou e continuou – Deus, dá a cada um de nós uma habilidade específica. Muitas vezes até mais de uma.

Contudo, ai daquele que despreza seus dons e avara obter o dom do outro, tirando-lhe campo de trabalho e reconhecimento. Tal homem, que age com tamanho desatino, geralmente é um fracassado. E pior, ele mancha a arte do trabalho e da própria arte Arte.

Anelo saber que, a partir de hoje, deste memorável dia, cada um de vocês procurem sua arte, seu ofício, seus dons. Porque, mais tolo que o que mau profissional, que pode crescer e aprender, é aquele que nem profissional é digno de ser chamado.
(Dedico este texto a todos que escrevem por amor e dom)
Importado do Blog da Day, meu blog literário.

Um comentário:

Day disse...

espero que gostem