sexta-feira, 25 de abril de 2008

Onde andará o Blog da Dai :) ?

Os links do texto são convites a amigos para compartilharem minha dorzinha :(










A vida é constituída de perdas. Nascemos só para iniciarmos um processo de deteriorização. Morrer é fato tão comum quanto se tentar explicar a morte. Mas este fenômeno em si traz consigo o benefício do acaso e do mistério.
Desde sempre, desde o início, nós, humanos, tentamos lidar com este aspecto obscuro e glorificado. O ato involuntário de desaparecer como fumaça no Cosmos, nas esquinas, em hospitais, enfim, nas curvas do destino.

Difícil aceitar a perda. Inútil perseguir o abismo que não tem fim.
Religiões, filosofias e crenças folclóricas amortecem a frustração universal da talvez única resposta sem pergunta. Porque na verdade, nenhum de nós haveremos de inquirir a ninguém algo tão abstrato que é o desaparecimento de um produto material. Físico. Vivo.
Sabemos, com envergonhada certeza que o alimento transforma-se em excremento e que lagartas tornam-se borboletas.
Também já dominamos a ridícula sabedoria de que o girino vira sapo.
No entanto, a mais sádica dúvida que existe para nós é sabermos por onde vai esta energia que mora - de graça - em nossa existência, se é que podemos continuar chamando-a de alma. Acontece o quê? Ela sai voando? É imortal? É?

Pessoalmente eu diria, e de forma triste, que o maior dos mistérios às vezes vem em minha vida para apenas motejar minha dor. Física e a não física. Completamente.
Eu frustro-me ao pensar sobre estas tarefas que não podemos cumprir. Esta missão de encontrarmos a resposta do que jamais quisemos perguntar.
Vivemos em eterna escarpa. Absolutamente sós. Sem sóis, sem nós.

Por mais que minhas elegias - pequenos poemas - que eu não quis escrever, muito menos pensar, incomodassem minha inteligência em Camões, Pessoa e Machado, ainda assim penso que divido com todos um certo sentimento solitário. Mesmo não tendo a genialidade dos helênicos, eu posso carpir cada momento meu, quando de fato choro por minha condição ínfima de gente que morre.

Ceifar minha garganta é comum porque conheço o sofrer e a dor sombria que me veste vez por outra. E ainda que fique nua temporariamente enquanto viva, eu desfaleço, supondo, antes de mais nada, que eu vim aqui sem nascer. Ou melhor dizendo, eu apareci e não sei como. Como também não arrisco dizer como desaparecerei.

Algumas faltas fazem diferença em nós. Sentimentos que não teremos mais. Coisas que não tocaremos. Gente que não veremos. Músicas que não tocam mais e esquecemos a letra... blogs onde não mais escreveremos.

A morte, que cresta minhas manhãs, que não me dá o benefício de ficar ao sol, esta mesma me mantém viva.
E pra que ouvir as cotovias e os acordes de Wagner, se sei que mais cedo ou mais tarde esquecerei de tudo, como um troço reciclável. Virarei papel? Nuvem... ou lembrança na cabeça de alguém?

É assim que me sinto com o desaparecimento de minhas palavras virtuais que se esconderam no Blog da Dai:).
Da mesma forma que os homens da hospedagem não sabem do meu retiro que chamei de blog, ninguém saberá ao certo o que é a morte.

Ou melhor, pequenas mortes como o meu blog, até dá pra saber.
Era apenas um blog. Um amontoado de palavras como este texto.
Mas o funeral queima em mim como fosse eu, Deus.

Onde foi parar o Blog da Dai :)?
Alguém tem uma idéia? :(

quinta-feira, 24 de abril de 2008

The Last Temptation of Christ Porque o cinema é mentira


A última tentação de Cristo



Para a cor azul dos olhos do messias há várias teorias. Cientificamente Jesus Cristo seria moreno, cabelos pretos, olhos escuros. Porém os antigos hindus afirmam que um homem iluminado tem uma forte luz nos olhos que os clareia quando em êxtase. Nos evangelhos há descrições do filho de Deus com um intenso brilho nos olhos, 'um brilho como os céus.' Ok.

A partir do romance homônimo de Nikos Kazatzakis (1960) nasce o roteiro espetacular do autor e o guião Paul Schrader. E para completar esta obra prima, temos aí a direção do não menos genial Martin Scorcese neste filme de 1988. Proibido em vários países por ter sido condenado pela igreja católica, só veio a ser liberado no Chile, por exemplo, 15 anos depois, em 2003.

Entretanto, cinema é a capacidade de fazer mentira. O autor do livro apenas deu asas à sua imaginação, a partir das sabidas crises de Jesus Cristo. Em muitas passagens dos evangelhos vemos a descrição do apelo do homem ao Pai - "Afasta este cálice de mim..."

O autor viajou na possibilidade de Jesus ter aberto mão de sua missão e simplesmente ter desistido de ser o messias para viver tranqüila e normalmente como qualquer mortal.

O grande desfecho é que impressiona porque aí Cristo descobre, depois de casar-se com Maria Madalena e envelhecer, o messias descobre ter sido vítima de um ardil de Satanás.

É um belo filme que se aproveita de mentira para fazer o verdadeiro cinema contemporânio e reflexivo. Talvez a igreja tenha se assustado em função de o filme poder provocar dúvidas na cabeça do homem. Mas, assim como as ditaduras militares, as igrejas, muitas vezes tropeçam em sua ignorância diante da arte. Principalmente da sétima arte.

Tecnicamente é perfeito o filme com a direção de Scorcese (indicado ao Oscar) e um Jesus Cristo na pele do excelente Willem Dafoe. Harvey Keitel como Judas deixa a desejar, não entendo o porquê. Chegou mesmo a ser agraciado com o troféu Framboesa de Ouro pela pior atuação de um ator coadjuvante. Crises religiosas internas?
Porém, Harry Dean Stanton como apóstolo Paulo é divina (ops!).

A participação de David Bowie como Pilatos é um escândalo de boa.

A trilha sonora de Peter Gabriel é um espetáculo à parte com auxílio luxuoso de percussionistas brasileiros. Indicação ao Globo de Ouro. Aqui, assiste-se ao raro casamento bem sucedido de som e imagem.

Mas Bárbara Hersley como a ardente Maria Madalena rouba muitas cenas.

Que tal assistir de novo? Uma analogia perfeita de nossas dúvidas e fraquezas na pele do Homem. O Cristo redimindo nossa pequenêz. Perfeito. Em todos os sentidos.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Locações - Praia de Búzios










Existem lugares lindos aqui na Região dos lagos, Rio de janeiro. São praias maravilhosas que encantam o espírito. Este aí é um quadro de Abigail Schelmm, artista plástica que mora em Búzios.
Eu quero muito filmar por lá um dia.
Clique aqui e se deslumbre com Búzios!

terça-feira, 22 de abril de 2008

Cenas de uma cidade perdida


foto de Helmut Newton






Uma mulher sai de casa entupida de tranqüilizantes e anticoncepcionais. Vira a esquina e vomita o excesso dos cigarros com traçado de pinga com mel. Mas a pinga é boa, mineira como Guimarães Rosa.
Senta-se no banco lá atrás do cinema e se acaba com Godard. Suspira e vai pra casa.
Lá, senta em seu bagunçado escritório e escreve poemas e aforismos loucos pelo excesso de amor não correspondido. Que não é correspondido porque ela não o quer.
É leviana e solitária. E muito linda.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

O Último Rei da Escócia - ator mandou bem!




THE LAST KING OF SCOTLAND

Para quem viu, sabe que é uma boa produção. Melhor, é uma ótima produção, principalmente pela direção sensível e equilibrada de Kevin Mac'Donald, um bem reconhecido documentarista, diga-se de passagem. E quem ainda não viu, nunca é tarde. As locadoras ainda existem.
Trata-se de uma adaptação (legal, né?) do romance homônimo de Giles Foden. E botaram mesmo pra foder (não pude evitar, sou carioca).

O filme maravilhoso é narrado pelo ponto de vista do médico escocês Dr. Carrigan (David Ashton)), um idealista e jovem médico que vai para Uganda, em busca de esperanças. Entretanto é convencido pelo ditador Idi Amin (anos 70) a ficar ao lado dele, argumentando que, desta forma, estaria ele - o jovem médico - de fato, ajudando aquele país. Uganda.

Mas, infelizmente, há choques culturais e de poderes supremos. E assim, nesta película genial, podemos mergulhar num antigo pensar, ou seja, até hoje vemos e não vemos o poderio africano. Como também não sentimos a verdadeira fome daquele quase povo.

Eu indico este filme concorrente ao Oscar, e que elevou um dos meus atores favoritos ao merecidíssimo Globo de Ouro.

Este filme emocionou-me tanto que por hoje é só. Porque ainda faltou falar da trilha sonora e da fotografia.

Parabéns vai para Forest Whitaker!!

Fala você!

domingo, 20 de abril de 2008

Alegria Alegria! =]





Sem comentários he,he!
A não ser registrar uma alegria carioca. Uma espécie de compensação pelas dificuldades que minha cidade tem passado.
Melhor olhar o lado bom das coisas e fazer menos marketing para o Mal ;)
Valeu, meu Fogão!!!

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Forever Films


MISSISSIPI EM CHAMAS MISSISSIPI BURNING 1988











Sempre me pareceu que um poema era algo assim como um passarinho engaiolado. E que, para apanhá-lo vivo, era preciso um meticuloso cuidado que nem todos têm. Poema não se pega no tiro. Nem a laço. Nem a grito. Não, o grito é o que mais mata. É preciso esperá-lo com paciência e silenciosamente, como um gato.
(Mário Quintana)

Produzido em 88, este filme maravilhoso do diretor Alan Parker (Oscar em fotografia), reuniu a verdadeira casta de atores e diretores, para fluir a verve do mensageiro artístico. São eles:
Gene Hackman (agente Rupert Anderson)
Willem Dafoe (agente Alan Ward)
Frances Medormand (Sra. Peil)
Gailard Sartain (Xerife Ray Stuckey) e mais ficha técnica. E deuses da arte.
Roteirista - Chris Gerolmo.

Na década de 60, houve o assassinato de dois negros e um judeu militantes, no Mississipi. Dois agentes do FBI ( Genne Hackman e Willem Dafoe) foram designados para apurarem os crimes cometidos contra a democracia, nos EUA. Muita hipocrisia já sabida foi denunciada nessa película. Eu diria que este filme é uma reunião de bacanas artistas (atores) inconformados com sua predileção capitalista no meio artístico.

Eu penso que a idéia era manter a supremacia americana, porém, este filme marcou para sempre uma idéia de justiça, onde os atores (todos do elenco) encorporaram a verdadeira supremacia humana: a igualdade dos direitos.
Vejam este filme para sempre!

E mais um detalhe: os antagonistas (vilões) na pele de atores exímios, deixam escapar, ironicamente, a cruel e desumana aristocracia burguesa dos descendentes ingleses que aportaram nas Américas, sem o menor escrúpulo. Sem nenhuma noção do mal que fizeram aos afro-descendentes.
Talvez tenhamos um novo Mississipi em chamas... Diretores não faltarão.
Entretanto, infelizmente, na realidade o FBI esteve omisso diante da injustiça americana.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Forever films...










A CASA DOS ESPÍRITOS

The House of the Spirits - 1993

Este filme do diretor Billie August (Pelle, o conquistador) conta a saga da família Trueba no Chile desde a década de 20 aos anos 70 mostrando a revolução e queda de Salvador Allende. O roteiro brilhante foi baseado no romance de Izabel Allende e torna-se um filme para ver sempre porque é simplesmente estupendo, com um elenco magnífico, raramente visto no cinema: Maryl Streep, Jeremy Irons, Glen Close, Antonio Banderas, Winona Ryden, Vanessa Redgrave.
Gosto do antagonismo da revolução com suas crueldades diante da pureza mediúnica da personagem de Meryl Streep.

domingo, 6 de abril de 2008

Silencioso demais


Creio ter vivido o suficiente.
Não que eu não queira envelhecer
Ou desconfie que ninguém me ouvirá.
Só que tudo me parece monótono,
Monótono demais.

Nenhum crime cometido, nada de adultério na rua.
As fofoqueiras estão em casa,
As igrejas fechadas - que bom!
E nenhum açougueiro decepou o dedo.
Nem cachorro atropelado,
Copacabana sem show,
Comércio vazio e computador desligado.

A música é ruído
E o rock sem volume...

Monótono,
Monótono demais.

Fragmentos


Beijo em você pedaços últimos
Retalhos da carnificina
Que treinamos no laboratório Da vida eterna.

Andamos por anos e Conhecemos as esquinas
Da perdição
E das vezes sem cigarro ou poesia ou porra Nenhuma.

Eu virei estátua
E póstuma enterrei nosso amor.

Mas ninguém ressuscita dentre os mortos,
Nem Dolores, Simone, Maria, Cássia, Cláudia, Cazuza.

Pelo olho mágico
Só o resto dos dias...
Por enquanto sou E.T.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

DIRETORES DA SEMANA


Diretor - Charlie Chaplin
Filme - Um rei em Nova York (57) USA
Luxo - Charlie Chaplin
Sacada - Sonorização no cinema com perfil cômico (gags) do cinema mudo.

Diretor - Roger Donaldson
Filme - Sem saída (87) USA
Luxo - Gene Hackman, Kevin Costner
Sacada - Bastidores da CIA e prostituição de luxo.

Diretor - Kevin Macdonald
Filme - O último rei da Escócia (08) USA
Luxo - Forest Whitaker
Sacada - A inocência bizarra de Idi Amin.

Diretor - Vondie Curtis-Hail USA
Filme - Gridilock'd - Na contra mão (97)
Luxo - Tim Hoth
Sacada - Crítica à burocracia e descaso dos hospitais públicos com os drogados.

Diretor - Alfred Hitchcock
Filme - Um barco e nove destinos (47) USA
Luxo - A própria direção
Sacada - Hitchcock fazendo drama nazista. Perfeito.